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CEFET-MG

Apagamento histórico, arte e resistência: o trabalho “Entre Trópicos: a trajetória e o esquecimento de Maria Martins”.

Segunda-feira, 24 de novembro de 2025
Última modificação: Terça-feira, 25 de novembro de 2025

O trabalho “Entre Trópicos: a trajetória e o esquecimento de Maria Martins”,  realizado pelo grupo de arte e cultura Maria Martins, coordenado pela professora doutora Erika Kress e pelo professor doutor Paulo de Oliveira Rodrigues Júnior, obteve o terceiro lugar na 34ª Mostra de Trabalhos e Aplicações do CEFET-MG do Campus Varginha. A pesquisa é parte integrante das ações desenvolvidas pelo grupo, que foi credenciado junto a Coordenação de Arte e Cultura no ano passado e desde então tem se mostrado bastante atuante. O trabalho desenvolvido foi idealizado a partir de um questionamento pertinente à nossa cultura brasileira. Nas palavras da equipe do Grupo de Arte e Cultura Maria Martins: “O estudo surgiu da necessidade de questionar os mecanismos que determinam quem é lembrado — e quem é apagado — na história da arte brasileira. No contexto mineiro, o caso da escultora, pintora, desenhista e escritora Maria Martins, nascida em Campanha e reconhecida internacionalmente, é emblemático: apesar de sua importância global, sua memória permanece praticamente ausente no Brasil, especialmente em sua cidade natal.”

Maria Martins, nascida na cidade de Campanha, em Minas Gerais, foi uma artista completa, tendo obtido reconhecimento internacional pelas colaborações com artistas modernistas, dentre eles André Breton, Marcel Duchamp e Piet Mondrian. Entretanto, segundo a pesquisa dos discentes extensionistas César Gabriel Barbosa Mendes e Yasmin Camargo Ribeiro, coordenados pelos professores Erika Kress e Paulo de Oliveira Rodrigues Júnior, há muito pouco sobre Maria Martins em sua cidade, e nenhuma homenagem significativa à artista, como dito em um fragmento do jornal Opinião Campanhense, de 1985: “Essa é, em suma, MARIA MARTINS, grande valor do mundo contemporâneo, que morreu em 1973 sem receber uma única homenagem de sua terra natal.”

Dessa forma, a partir da citação e um diálogo com a escritora, jornalista e curadora Veronica Stigger, pesquisadora dedicada ao legado da artista e uma grande influência no mundo acadêmico, foi criada a apresentação, que contou com um mini museu interativo, com fotos da artista, uma releitura da obra Orfeu, criada a partir de filamento 3D, livros, entre outras evidências de sua participação e influência na arte moderna, e o painel participativo Maria Martins por você, que convidava os espectadores a interagirem com a obra da artista ao criarem suas próprias versões de suas obras.

“Entre Trópicos: a trajetória e o esquecimento de Maria Martins” é fundamental para o reconhecimento da arte feita por mulheres, além de problematizar a banalização da arte em um âmbito nacional. A arte de Maria Martins vai muito além do surrealismo; ela contempla o mundo de forma criativa, trazendo em si feminilidade e resistência contra o apagamento histórico que sofreu, se tornando mais um símbolo da necessidade da criação de políticas públicas para a valorização da arte.

Texto: Lavínia Cunha Lucas, estagiária da DEDC/ARTC.

Os discentes César Gabriel Barbosa Mendes e Yasmin Camargo Ribeiro, ao lado do mural inspirado pelo fragmento do jornal “Opinião Campanhense”.